Para a recuperação de um rio poluído é necessário coletar, destinar para o tratamento e tratar os efluentes, anteriormente de lançá-los no rio. De acordo com a Comissão Mundial de Águas, mais da metade dos maiores 500 rios do mundo enfrentam sérios problemas de poluição. No Brasil um exemplo disso é o Rio Tietê, um dos rios mais poluídos do mundo. Na região metropolitana de São Paulo, recebe 400 toneladas de esgoto por dia, sendo considerado morto por não possuir oxigênio, só sobrevivendo organismos que não necessitam de oxigênio como certos tipos de fungos e bactérias.
O principal poluente é o esgoto
doméstico. "Quase 5 milhões de pessoas ainda têm seus
detritos lançados diretamente no rio", afirma o engenheiro
Lineu José Bassoi, da Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental (Cetesb).
O Rio Tâmisa na Inglaterra era o rio mais poluído da Europa no século XIX e foi despoluído a partir da década de 60 através de um sistema de estações de tratamento que removeu 100 % dos esgotos lançados no rio, que hoje é limpo e possui peixes vivendo no mesmo.
A despoluição do Rio Tietê é mais difícil por que recebe um volume maior de esgoto e possui menor vazão, diluindo menos o esgoto, e por que há separação da água pluvial e do esgoto. "No Brasil, só o esgoto é filtrado. A galeria pluvial, que vai direto para o rio, possui um número imenso de ligações de esgoto clandestinas", diz o engenheiro Antonio Marsiglia Netto, da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
Uma
das soluções para tratar o esgoto seria instalar estações
de tratamento dentro do próprio rio. Outra ação essencial é
aumentar a quantidade de esgoto tratado, que hoje está em 64% na
região metropolitana de São Paulo - tarefas que levarão pelo menos
mais 20 anos.
Frentes de ação da limpeza do Rio Tietê
Tratar a origem do problema
O
Tietê sofre a ação de três tipos de poluição: a industrial, a
difusa (formada pelo lixo de casas e das ruas levado pela chuva) e a
do esgoto doméstico, a mais prejudicial de todas, sendo necessário ampliar a coleta de esgoto, estações de tratamento e fiscalizar lançamentos ilegais de esgoto no rio.
Barras
de proteção
Parte
do encanamento da rede de esgotos conta com grades para barrar os resíduos sólidos que vão para o rio.
Câmera
espiã
Para
identificar ligações de esgoto clandestinas nas galerias de águas
pluviais (que recolhem a água da chuva), uma minicâmera passa pela tubulação. A cada ano, são descobertas 70 mil ligações
irregulares!
Oxigênio
em dose extra
Uma
das melhores opções para remover a sujeira que cai no rio é a
chamada estação de flotação. No fundo do rio, uma rede de tubos
injeta microbolhas de oxigênio que fazem a sujeira boiar,
facilitando sua retirada. Uma usina experimental de flotação,
montada no rio Pinheiros (que joga água no Tietê), deve entrar em
operação nos próximos dois meses.
Rebaixamento
do leito
O
aprofundamento de 2,5 metros da calha do Tietê, aumentando sua
profundidade, visa evitar enchentes. Mas um fluxo de água maior
também ajuda na despoluição. Além de areia e terra, as dragas já
retiraram mais de 85 mil pneus do fundo do rio!
Filtragem
limitada
Cerca
de dois terços do esgoto da Grande São Paulo passam por uma das
cinco estações de tratamento da região antes de chegar ao rio. A
água que sai daqui para o Tietê é água de reuso - serve para
irrigação e indústrias, mas não é potável.
Modernização
industrial
Mercúrio,
zinco, chumbo e outros metais pesados ainda aparecem no Tietê, mas
em concentrações muito menores que em 1992, quando começou o
trabalho de despoluição. Hoje, 90% das indústrias poluentes
têm algum tipo de tratamento próprio para seu esgoto químico.
Fonte: Ed. Abril por Rodrigo Ratier
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